Contador

segunda-feira, 16 de junho de 2014

BRM 600km - Controle II

Olá! Post especial para reforçar sobre COMO será o controle dos 6 PCs do Brevet 600km:
A) RELEMBRANDO: Hodômetro é equipamento obrigatório. Não há necessidade de aferição, apenas teste-o fazendo o mesmo trajeto algumas vezes para certificar-se de que não marcará distâncias diferentes em cada passagem.
B) Nem todo PC será um PA, os PCs 3 e 5 são relativos ao entroncamento da BR290 com BR392
C) O outro PC IMPAR (PC1) é outro ponto em que não haverá mais do que água (Há 2 PAs antes)
D) As notas fiscais serão exigidas nos restaurantes - PCs PARES (2, 4 e 6).
E) Nos PCs 3 e 5, o registro poderá ser feito em qualquer um dos pontos numerados (km da rodovia), no trevo, ponte ou na Pousada (no retorno), marque ONDE o registro foi feito. Sugestão: Na ida, há várias placas em subidas (veja altimetria), (as pares estarão viradas para cá) faça o registro em qualquer uma delas ou na alça de acesso da 290 com 392 (plano). No retorno poderá ser feito estando sobre o viaduto, não registre no inicio ou final do trevo. UM REGISTRO NA IDA e OUTRO NA VOLTA (PC3 e PC5).
F) Nos PCs pares, o registro da hora e distância poderá ser feito por escrito na nota fiscal (se preferirem). Se na nota (eletrônica) já constar o horário, este registro fica dispensado, e a organização fará a adaptação do horário da nota (que nem sempre coincide com o horário da prova) posteriormente.
G) Lembrem-se de aproveitar os PAs no caminho. Embora não haja apoio no PC1, ele está 41km antes (e 41km depois - em Pantano Grande). Há PA 9km após o PC3 (entrando na BR392), e na noite aproveitem os hotéis. Na noite de sábado poderão ainda encontrar restaurantes e pizzarias em São Sepé (faltando 94km para o PC6)
H) Na chegada, o membro da organização fará o registro do horário e conferência da km. Se estiver chegando CEDO na manhã de domingo, ligue antes - quando estiver em Rio Pardo ou Pantano Grande. Forneceremos o(s) telefones no mapa. O Thiago decidiu que fará os 600km, então teremos outra pessoa na chegada.

Dúvidas sobre a rota? Vide post anterior & MAPA.
[]´s Varzeabikers

sexta-feira, 13 de junho de 2014

BRM 600km - INFO

Olá!
Com ou sem 400km no currículo, vamos para a prova final da série. Este ano as provas que antecedem o 
BRM600 não são necessárias, mas é bom que saibam (e a maioria já sabe) no que estarão "se metendo".  Relembrando o post de 28/out/2013, antes da primeira prova da série,  sobre autossuficiência:
Quanto mais  "SIM" responderem, mais poderão ficar tranquilos, mesmo sabendo que DESTA VEZ, vamos todos para a estrada. Organizadores e voluntários não farão prova antecipada. Escolhemos os pontos mais apropriados para serem usados como PCs e combinamos um café com 2 hotéis (centro e BR290) em São Sepé, para quem pernoitar na madrugada de domingo. Os pontos que funcionam 24h ficam a 107 e 60km da chegada, portanto - passaremos alí de dia, mas serão úteis na ida, nos 70, 150 e 197km.

EQUIPAMENTOS OBRIGATÓRIOS: 
Além dos itens-padrão - capacete/farol/backlight/colete, ainda serão necessários Hodômetro e Cobertor de emergência. Conforme o que a metereologia prever para o final de semana, nunca é demais trazer roupa impermeável, pois até uma horinha de chuvisco poderão molhar o que não vai secar nunca mais até depois do banho após a chegada.
CONTROLE: Cfe mencionado como um dos itens extras, mas nada anormal p/ 95% dos ciclistas, o HODÔMETRO servirá p/ registrar as passagens pelo menos nos PCs 3 e 5, onde o registro será feito desta forma por cada um de nós que estaremos pedalando. Ainda estamos estudando se cada um levará uma caneta ou furador de papel, raspadinha ou adesivos para colar sobre os números, (cfe imagem a lado). Mais simples é furar o papel com qualquer objeto pontiagudo para efetuar o registro. Antecipando: Não é necessário aferir o hodômetro. Em todos os pontos requeridos, marque A SUA km. Certifique-se que seu hodômetro não esteja "maluco", isto é, marcando 35km em 30 e depois 30 em 37. HORÁRIO a ser marcado: Acertem seus relógios através de http://www.horariodebrasilia.org/ , este será o horário oficial da prova.

MAPAS:
1) Como chegar no Hotel Dalmolin
2) Prova
Mapa a ser aperfeiçoado. (as kms 238-452 se referem ao Restaurante Laranjeiras)
Horários: Briefing as 23h30 de sexta-feira 20 e largada as 0h de sábado 21.
Observem os horários dos PCs. Eles não tem horário de abertura, pois não é necessário a chegada de voluntários. Os horários de fechamento servem para terem noção de média mínima de 15km/h. Quase todos os PCs possuem km múltipla de 15, por isso eles tem hora arredondada de fechamento.
Sugestão para almoço no sábado: Restaurante Papagaio - PC2. Fazendo média 20 poderão almoçar no Laranjeiras, 40km adiante. Depois do Laranjeiras há Posto/Restaurante entrando 9km na BR392 (depois de registrarem o PC3 no trevo). A Churrascaria do Gringo em Santa Maria serve janta até as 23h e fica aberto até as 24h. Com 345km deveremos retornar no máximo até as 23h mesmo (limite da média 15). Quem retornar até a BR290 no início da madrugada, poderá dormir na Pousada Nascente, que fica  1,2km fora da rota, na direção de São Gabriel, neste caso o PC5 poderá ser registrado na Pousada. 22km antes, há hotel no centro de São Sepé, para quem quiser fazer os 22km depois de dormir. Pela média da prova, deveremos sair de São Sepé as 3h de domingo ou recuperar o tempo perdido a menos de 13h do encerramento (não seria problema). INFELIZMENTE não poderemos esperar a abertura do Posto Laranjeiras na manhã de domingo (abre as 7h), pois o limite de passagem é 6h (ou busquem o tempo perdido - arriscado). Mas 40km adiante há o PC6 - Restaurante Papagaio/24h, o último PC antes da chegada. Ainda o PA - Raabelândia nos 540km (Sugestão para almoço de domingo). Ainda há a conveniência do Posto do Dragão em Rio Pardo, 23km depois.
Atenção: Não recomendamos que tentem fazer o trajeto do PC4 em Santa Maria até a BR290 (PC5) e PC6, direto, pois não encontrarão nada aberto, ainda mais se estiverem perigosamente próximos da média mínima, isto é, 150km sem escalas. Dormir um pouco pode ser um excelente investimento. Tráz retorno.
SOBRE ALTIMETRIA: Daria mais trabalho montar uma do que pedalar, hehehe! Resumidamente: 1) Há uma serra leve de 3km antes do PC1 em Encruzilhada do Sul. Tão leve que não chega a atrasar quem quer fazer média bem superior a 20km. e no retorno para Pantano Grande, alguns chegam a fazer os 41km em pouco mais de 1h15. A BR290 é razoavelmente plana durante 100km até o acesso a Bagé, depois ela "amarrota" e o sobe-desce perdura 17km até o trevo da BR392. Na BR392 é a mesma coisa até São Sepé (22km). Os 58km até Santa Maria são planos.


Não vamos mostrar todas as fotos, mas indicaremos as km das rodovias no update do mapa. Acima: Chegada no PC4 de retorno em Santa Maria. Tudo fica a esquerda: Braspress e Posto BR, bem no km350 da BR392 (trevo de acesso ao posto). A rótula do Uglione fica 3km adiante, e, se não se acharem em condições de fazer mais 255km de retorno e quiserem partir para plano B, há muitos hotéis na cidade e quem sabe um pedalzinho de 135km no dia seguinte até Vera Cruz pela RSC287...(?)
INTERPRETEM O MAPA COMO QUISEREM. Poderemos até repetir tudo isto no briefing, mas é 10x mais eficiente se cada um estudar e fizer o seu planejamento.
Faremos um trecho estendido na saída de Vera Cruz, mas na chegada: Entrem na cidade pela primeira rótula da 412 e sigam direto até a chegada (o Hotel está 80% confirmado como chegada, a outra opção fica a uma quadra dele).
Rota do Bikely: http://www.bikely.com/maps/bike-path/vb-brm600-2014

Para finalizar, esquecemos de algo?
INSCRIÇÕES:
PROCEDIMENTO para inscrição - BRM 600km Vera Cruz / Santa Maria, 21 e 22 de junho (sábado e domingo):
Período para inscrição: 14 de junho - 19 de junho

A) Copie os campos abaixo, preencha e envie para varzeabikers@gmail.com. com assunto: "INSCRIÇÃO" Não precisa ser em anexo, mande no corpo da mensagem.
B) Pronto, aguarde o e-mail de confirmação. Para contato "imediato" ligue (51) 9616.9054 ou (51) 8179.4584

(1) Nome (2) Data Nasc (3) CPF (4) RG (5) Tel. Celular (6) E-mail
(7) Tel. e nome p/ contato (pai, mãe, cônjuge) (esperamos nunca fazer uso)
(8) Cidade/UF (9) Clube ACP que pertence, simpatiza ou que pretendes representar
( verifique o ACP code em http://www.randonneursbrasil.org/clubes-organizadores/ )
( EXEMPLO: "980099", equivale a deixar este campo em branco, apenas este pode ficar em branco )

Observações:
1) PREENCHA cuidadosamente seus dados. O nome fornecido será usado no certificado e enviado para homologação.
2) ACRESCENTE varzeabikers@gmail.com na sua lista de contatos, para que o retorno e msgs importantes não caiam na caixa de spam.
3) NÃO DEPOSITE qualquer valor antes da prova. O ENVIO dos dados CONFIRMA automaticamente sua inscrição.
4) O VALOR da inscrição será de R$35,00. O valor será cobrado após conclusão do Brevet. (OBS.: Não temos convênio com Visa/Mastercard/Outros). Ou poderá ser via depósito bancário em caso de desencontro por motivo de desistência durante a prova.
5) ATENÇÃO: Somente envie os dados se quiser e puder fazer a prova. Se não tiver certeza, espere mais um pouco. Cobraremos o valor integral da inscrição de quem não pôde comparecer na prova, e não cancelou sua inscrição dentro do tempo hábil.
6) SE, POR MOTIVO de força maior, não puder fazer o Brevet, mesmo depois de feita a inscrição, por favor comunique-nos dentro do prazo, sem problema e sem prejuízo. - Até dia 19 de junho (encerramento inscr.)
7) RELEMBRANDO: Esta prova será de autossuficiência.
8) SEGURO : Todos os participantes da prova estarão cobertos por uma apólice de seguro http://www.turistaseguro.com.br/ ,  conforme exige o regulamento.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Relatos do Saul BRM 400

Dilúvio Herveiras-Passo Fundo

Pense em uma noite-madrugada-dia-noite chuvosa.
Pense em uma noite-madrugada-dia-noite chuvosa com
estradas lisinhas e boas de pedalar mesmo com chuva
intercaladas com estradas esburacadas com neblina e vento de
todos os lados.
Pense em uma noite-madrugada-dia-noite chuvosa com
estradas lisinhas e boas de pedalar mesmo com chuva
intercaladas com estradas esburacadas, com neblina e vento de
todos os lados e 400 km a serem percorridos num tempo
máximo de 27 horas.
Esta é apenas a introdução de como se iniciou o Brevet
Herveiras - Passo Fundo 400 km do Várzea Bikers do dia 31-05-2014
O Brevet, qualquer um deles, sempre começa muito tempo
antes e é justamente por este motivo que não se pode escolher
um dia-noite-madrugada perfeita para pedalar.
Fosse assim, o organizador também não teria, uma semana
antes, partido pelo mesmo trajeto com temperatura negativa.
Na verdade isso só aumenta o desafio. A imprevisibilidade
climática e toda a repercussão que ela causa para todos
envolvidos, pedalando ou apoiando.
Durante a semana que antecede o Brevet sempre se está
muito atento à previsão do tempo e desta vez ela, infelizmente,
estava muito certa.
Partimos de Alvorada, eu e meu primo, Alcimar juntamente
com o Alex e o César, de Gravataí. A viagem foi tranquila até que
na altura de Santa Cruz do Sul começou a chuva, por volta de
21:00 hs e praticamente não mais parou.
Chegamos a Herveiras lá pelas 22:00 hs e começamos os
preparativos para a largada. O tempo passa rápido e não
demorou muito para que todos estivessem reunidos.
Lembro do Claiton momentos antes da largada me falando,
em tom de brincadeira: “Vê se breveta Saul”. Disse a ele que
haviam outros ciclistas, mas parece que ele combinou com São
Pedro para abrir a torneira e esquecer de fechá-la.
Dava para sentir no olhar de cada um a apreensão e a
incerteza do que iria acontecer. Toda aquela água que não
parava de cair e o desejo de que em algum momento iria parar.
Sabe de nada inocente...
Meia-noite: vamos nos molhar, ou melhor, pedalar.
A subidinha da saída de Herveiras foi boa para aquecer, ao
menos até a chegada à rodovia. Ainda era bem fraca a chuva
nestes primeiros kilometros, mas logo começou a aumentar.
Cometi erros básicos, sendo o principal o de sair sem luvas,
já que estava entre os que pensavam positivamente que em
pouco tempo não mais choveria e teria luvas secas para aquecer
as mãos.
Agora sei que é melhor ter luvas molhadas desde o inicio, já
que nas descidas os dedos pareciam congelar. A temperatura
ambiente não era tão baixa, devia fazer uns 13 graus, mais ou
menos. O problema era a chuva constante, de quantidade
respeitável e fria, fazendo a sensação térmica baixar por demais.
Estes primeiros 50 km até o PA na rodoviária de Barros
Cassal foram tranquilos, dentro das dificuldades que cada um
estava enfrentando. Ponto positivo para a estrada, sem buraco e
perfeita para pedalar, até na chuva.
Chegamos, eu, o Alex, o César e meu primo no primeiro PA
por volta de 2:30 da manhã. Eu estava congelando e precisava de
alguma maneira aquecer alguma parte de meu corpo. Digo
alguma porque sabia que seria impossível aquecer todo o corpo
e mantê-lo assim em cima da bicicleta com toda aquela chuva.
Já vinha pensando no que fazer nesta primeira parada desde
mais ou menos o meio deste percurso de 50 km. Sabia que
continuar tremendo de frio daquele jeito durante toda a
madrugada me cobraria um preço muito alto mais á frente.
Poderia colocar a camisa térmica sequinha que trazia
comigo, devidamente impermeabilizada. Ficaria quente, mas só
até os primeiros dois minutos na chuva e ainda molharia uma
roupa que poderia me ser muito útil (como o foi).
O que realmente salvou o meu brevet foram uma touca e
um pequeno saco plástico.
Isso mesmo, coisas tão simples mas que me possibilitaram
literalmente esquentar a cabeça. Agora eu sei a diferença que faz
uma touca e uma capa de plástico no capacete em dias de chuva.
Já vi ciclistas em dias chuvosos com capas de plástico ou
similares em seus capacetes, mas nunca havia testado. Em
conjunto com as luvas, consegui aquecer as mãos e a cabeça de
uma vez só, e neste caso de cabeça quente se pensa bem
melhor.
Destaque para o apoio do Udo e da Lidiane no apoio deste
PA, com cucas deliciosas e muito nutritivas.
Partimos para uma perna mais longa até a próxima parada,
em torno de 63 km no meio do nada entre Barros Cassal e
Espumoso, PC 1 (113 km). Logo na saída era possível perceber
que a chuva, devido sua intensidade e constância, dificilmente
iria dar trégua, o que se confirmou.
Esqueci de mencionar que nesta primeira parte até Barros
Cassal já havia furado um pneu do Alcimar. Mal sabíamos que
seria o primeiro de muitos.
Este percurso eu já havia passado algumas vezes, porém
sempre no sentido inverso, vindo de Espumoso ou Soledade, e
de dia. Á noite tudo muda e até os buracos parecem que surgem
do nada.
Era preciso muita atenção e velocidade reduzida para poder
desviar dos buracos e tentar continuar andando em um ritmo
que fosse possível tentar manter-se minimamente aquecido.
Soma-se a isso o vento, que começou a soprar com maior
intensidade e uma neblina-serração que se formava de pontos
em pontos. É verdade que o vento não era contra,
predominantemente lateral, mas fazia o frio aumentar
consideravelmente com a chuva.
Foi apenas uma questão de tempo para que os pneus
furassem devido as pancadas das rodas nos diversos buracos
escondidos pelas poças de água. A primeira vitima foi o Alex,
logo após o César. Ou ao contrário, não lembro a sequência.
Enquanto um consertava o pneu, outro segurava a bike e
ajudava iluminando (algo que ajuda muito e só se consegue
andando em grupo). Tremia de frio durante as trocas, pois
parado na chuva o corpo esfria na mesma hora em que se desce
da bicicleta. Chegava a ficar com inveja do pneu furado, pois
quem fazia a troca também se movimentava e espantava um
pouco o frio, principalmente na hora de encher o pneu.
No meio do caminho, devido provavelmente aos buracos, o
câmbio do César travou na coroa maior. Deve ter ficado com
uma relação 53x23, já que o câmbio traseiro também travou.
Paramos, o César tentou mexer nas conexões (câmbio
eletrônico) e nada de se mexer.
Como não tínhamos opção, o jeito foi seguir sem marchas.
No trevo de acesso a Espumoso foi à vez do farol, também do
César (justo o melhor dos quatro faróis) resolver entrar em pane.
Foram trocadas as pilhas, mas só funcionou no modo piscante,
fazendo o caminho ter ainda mais buracos do que realmente
tinha (e tinha muitos).
Várias vezes era mais seguro andar no acostamento, que
embora estreito e sujo, não tinha quase nenhum buraco. Uns 10
km antes do PC o Alex fura os dois pneus na mesma cratera,
inacreditável. Continuava frio para ficar apenas olhando, e desta
vez eram dois problemas. Nem pensei muito, me grudei no pneu
traseiro enquanto o Alex consertava o dianteiro. Durante a troca
ele disse que chegaria ao PC e retornaria, ou seja, estava
desistindo de continuar.
Tentei argumentar falando que logo iria amanhecer e de dia
seria totalmente diferente, mesmo com buracos seria menos
estressante e poderíamos recuperar um bom tempo perdido.
Sabia que seria difícil convencer um, imagina dois. O César
estava sem marchas e disse que iria se solidarizar com o Alex e
voltaria com ele.
Chegamos no PC Parada de Ônibus no meio do nada por
volta de 06:40, escuro ainda. Fomos recebidos mais uma vez pelo
Udo e a Lidiane com as cucas, bananas, maçãs e bergamotas.
Comi bastante cuca e uma banana. Tentei insistir para que o
Alex e o César continuassem, em vão. O Alex ficou consertando
as câmaras de ar e o César tentando descobrir o defeito no
câmbio.
Combinamos que se conseguissem consertar iriam seguir em
frente, mas não poderíamos ficar esperando, sob pena de perder
um tempo precioso que poderia fazer falta no fim.
Começou a chegar mais gente e a essa altura já era dia. Bem
nublado e cinzento, chuviscando, mas com a luz do dia havia
muito mais motivação para seguir em frente. Daqui em diante
fomos eu e o Alcimar (primo) até o fim do brevet.
Era outro ritmo para pedalar. Podíamos avistar de muito
longe os buracos e apreciar a paisagem, algo que sempre motiva
e serve como combustível para continuar.
Logo chegávamos ao trevo de acesso a Tapera, RS 223.
Paramos no Posto que seria o PC3 na volta, eram quase 8 da
manhã. Fomos comer e tentar aquecer um pouco o corpo. Os
pés sempre úmidos e cheios de água, as roupas molhadas e enxarcadas.
Ainda tinha um coringa: minha camisa térmica sequinha. A
chuva não parava e pensava em colocá-la somente em Passo
Fundo, no meio do caminho. Enquanto tomava meu café com
leite QUENTE, Alcimar prefere Chocolate com leite FRIO.
Podíamos observar o forte vento contra que nos aguardava lá
Não resisti: pedi um saco de lixo dos grandes, troquei a
camisa de ciclismo molhada pela térmica seca, fiz três buracos no
saco de lixo e coloquei por cima da camisa. Foi boa demais a
sensação de aquecimento. O saco funcionou como um colete e
protegeu o peito e todo o tronco, apenas os braços ficaram
expostos. Enquanto me trocava no banheiro meu primo disse
que iria na frente e que logo eu o alcançaria. Ele deve ter saído
ás 8:15 e eu apenas ás 8:30.
Fui alcança-lo somente 20 km á frente. Sabíamos que
provavelmente este seria o trecho mais difícil, devido ao vento
totalmente contra e a chuva que não parava, por vezes até sendo
bem forte, batendo direto no peito. Foram 66 km nestas
condições. Minha roupa ficou seca até mais ou menos á metade
deste caminho. Ao menos o saco de lixo ajudava a barrar o
vento.
Considerei muito desgastante a altimetria, pois estávamos
sempre subindo ou descendo. Embora fossem curtas, esse sobe
e desce já seria desgastante em condições normais, imagina com
chuva incessante e vento contra.
Queríamos chegar o quanto antes para poder almoçar e
aproveitar todo aquele vento. Faltando uns 10 km tivemos de
parar e comer algo, pois as energias estavam na reserva. Se gasta
demais para manter a temperatura e somado ao esforço para
vencer o vento e as subidas, isso fica muito potencializado.
Eram 11:35 quando finalmente, depois de uma longa subida
chegamos ao PC2, Restaurante Rossatto, km 202. Embora com
muita fome, existiam mais preocupações: as assaduras. Antes
mesmo de comer fui ao banheiro e apliquei generosa quantidade
de pomada, inclusive atrás dos joelhos, pois o movimento de
pedalar fez, pelo fato de estar molhada, a calça ficar raspando na
pele, me causando uma assadura inédita.
Servi generosa quantidade de comida, bem como o Alcimar.
Precisávamos de muita energia ainda para mais 200 km de volta
até Herveiras. Começamos a fazer as contas e se havíamos
demorado 3 horas pra pedalar 66 km com vento contra,
levaríamos com certeza menos do que este tempo para retornar.
Isso nos deu animo extra e sabíamos que seria possível chegar no
mínimo até o local do PC1 antes de anoitecer novamente.
Quase me esqueço de pedir a nota que comprova a
passagem neste local, mas ainda antes de sair o Alcimar me
perguntou algo e lembrei que tinha de pegá-la, menos mal. Não
pretendia voltar ali de novo com vento contra.
Saímos 13:00 hs para agora sim, um pouco menos de
esforço. Até o sol tentou aparecer por entre as nuvens, porém a
nebulosidade e a chuva foram mais fortes e insistiam em nos
acompanhar por todo o caminho.
Logo na descida encontramos os únicos três ciclistas
(contando com nós dois, cinco) que devem ter chegado a Passo
Fundo. Reconheci apenas o Formiga e o veterano voluntário das
provas da Ninki, que parece não sentir frio nunca, pois está
sempre de bermuda e camiseta, e desta vez não era diferente.
Estava rendendo a pedalada e até o vento deu uma trégua,
mas só o fato de não estar contra já era muito bom. De volta a
Tapera, PC3, km 268 ás 15:25 hs. Tomando mais um café para
aquecer aparecem o Udo e a Lidiane, segundo os próprios vindos
de um turismo na cidade de Tapera apenas para preencher o
tempo ocioso.
Tiramos fotos e combinamos que lá pelas 17:30 chegaríamos
ao PC4. Por volta de 16:00 hs partimos para a última parte de
alguma luz até o fim deste dia. Nada de novo até Espumoso,
quanto um mal educado (a) motorista (ou barbeiro (a) mesmo)
quase nos atropelou em um cruzamento. Ainda bem que deu
tempo de frear, porque ele (a) tocou direto fingindo que nada
tinha acontecido. A estrada é calma e com pouco movimento
após Espumoso, o que fazia a pedalada fluir naturalmente,
dentro do possível e do cansaço-sono-chuva-susto-assadura na
perna.
Após uma longa subida havia despertado para a bobeira e o
sono que com a chegada da noite se apresentavam, mas ai era
hora de parar no PC 4, 301 km, ás 17:35. Grata surpresa e
transmissão de pensamento que só acontece com quem sabe o
que precisa quem está na estrada. Tinha até café neste PC, além
das cucas, bolachas e frutas. Eu não queria mais nada. Era o que
faltava para despertar de vez e manter a atenção até a chegada
em Barros Cassal.
Depois de umas duas ou três xícaras de café saímos, lá pelas
18:00hs, praticamente já noite. Novamente tivemos de reduzir a
velocidade para desviar dos buracos. Começamos a conversar
sobre um pouco de tudo que é assunto e rapidamente chegamos
ao primeiro trevo para Barros Cassal. Não lembrava de serem
dois trevos e nem havia prestado atenção no cartão de rota.
Perdemos alguns minutos procurando as placas, pois delas eu

lembrava de outras provas. Este trevo não tinha nenhuma placa,
era muito estranho. Passou um taxista e nos falou que o acesso
era no outro trevo. Agora sim fazia sentido não ter as placas de
que eu lembrava.
Chegando ao próximo trevo foi fácil, era só seguir á direita e
mais quase 40 km até Barros. Toda esta região é de uma
paisagem muito bonita e merecia ser apreciada durante o dia,
mas tanto na ida como na volta a escuridão se fez presente.
Por sorte não tivemos mais problemas com pneus furados,
mesmo tendo passado por dentro de alguns buracos. O que tem
de bela tem de deserto este trecho. Até as casas começam a
aparecer apenas próximo da cidade. Lá pelas tantas passa um
carro buzinando, eram o Alex e o César, dando aquele apoio
moral. Falamos para nos esperarem no Restaurante do Carlão,
que pensávamos não estar tão longe. Ainda assim demorou para
chegar.
Por volta de 20:45 chegamos ao restaurante do Carlão, PA,
km357. O Alex e o César estavam nos esperando, conforme o
combinado. Comemos uma sopa, torrada e mais café. Ficamos
conversando sobre a prova e tudo que já havia acontecido. Eles
(o Alex e o César) voltaram até Soledade pedalando e pegaram
carona com o Dieter até Herveiras. Ficaram de bobeira trocando
ideia com demais ciclistas e foram ao nosso encontro nesta parte
final da prova.
Pelo que falamos, a maioria desistiu ao amanhecer do dia, lá
no PC1, aos 113 km. Á noite foi realmente desgastante, sem falar
que a chuva não parava e ainda teve o vento contra de Tapera a
Passo Fundo. Quem seguiu em frente sabia que o resgate, caso
fosse necessário, também não seria fácil. Acho que isso também
pesou na hora de parar.
Mas agora faltava pouco, menos de 50 km. Partimos por
volta de 21:30. O Alcimar até trocou algumas roupas, eu nem
quis mexer em nada, queria apenas chegar de uma vez. A chuva
parecia que finalmente iria parar e até estrelas já eram visíveis
no céu.
O asfalto é perfeito e rende muito pedalar nesta parte até
Herveiras. A altimetria é rigorosa e temos poucas subidas longas
e um pouco íngremes.
Em Linha Pinhal, pouco antes do Posto BR Paradouro
Serrano, paramos até para visitar nossa tia Marlice, que mora na
beira da estrada. Disse para entrarmos para comer algo e
conversar (a sempre atual hospitalidade serrana). Explicamos
que faltava pouco e queríamos chegar o quanto antes porque
também dependíamos da carona para voltar.
Vontade não faltou, mas chegar era a prioridade. Nos
despedimos e agora seriam apenas 15 km. Nada de vento, tão
pouco frio. Alguns relâmpagos ao fundo. Começa uma leve
garoa, seguida de serração. Logo a garoa já era uma chuva fina
para se transformar não muito tempo depois em chuva
novamente.
Lembro de dizer que até nem me importaria e queria que
estivesse chovendo na chegada. Parece que meu pedido seria
atendido.
Mas por justiça, já que respiramos água quase que todo o
brevet, era esse o final perfeito.
E assim foi, descemos com chuva a estrada que leva até
Herveiras, segurando com cuidado nos freios.
Lembrei muitas vezes do pedido do Claiton antes da largada:
“Vê se breveta”. Acho que me deu muita força.
O relato é dedicado principalmente para quem estava na
prova e foi até o seu limite, seja ele psicológico e-ou físico.
Serve também para quem iria pedalar e desistiu sabiamente,
pois estes já sabiam do seu limite mesmo antes da largada.
É também para desmistificar quem pensa ser o muito
refinado ou demasiadamente sofisticado o principal para uma
prova de longa distância. Valorize a simplicidade, porque no
final, ela sempre alcança seu objetivo.
Devo este Brevet á uma simples touca e um pedaço de
plástico que me aqueceram quando mais sentia frio (as luvas
também).
Ter uma estratégia também conta muito. Mas tenha uma
estratégia realista, dentro de seus limites.
Agradeço aos amigos Alex Sandro Prates e César Dosso pela
parceria da carona e no primeiro terço do brevet. Foram
guerreiros, mas problemas mecânicos estão além de nossas
vontades.
Alcimar Pereira Da Rosa, meu primo e amigo, tem um estilo
muito parecido com o meu em cima da bike. Tenho certeza que
ainda muitos Brevets longos iremos concluir.
Aline, minha esposa, compreensiva nos momentos de
ausência que ela sabe serem necessários para quem gosta de
pedalar.
Aos voluntários Udo e Lidiane, sempre prestativos e
apoiando em tempo integral. Vocês também merecem medalha,
com certeza.
Ao Claiton, pelo horário de largada e trajeto inédito.
Esses Brevets do Várzea Bikers encarnam na essência o
espírito Randoneur de autossuficiência, parabéns!!!

domingo, 1 de junho de 2014

Brevet 400km 2014 - Brevetados

Após um Brevet onde a chuva predominou em praticamente toda a extensão da prova, estes dois guerreiros de Alvorada-RS concluíram com maestria. Prova esta, que ficará marcada na memória de muitos ciclistas. Parabéns Saul e Alcimar pelo grande feito!!
Todos os demais participantes tem nossa eterna admiração por sua determinação de pedalar, independente de km percorrida e a disposição de encarar o tempo nada amigável que perdurou 100% das 27 horas do primeiro HPF-400.